e-book livro CHL - page 172

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Em1891, o “RegulamentoProvisórioparaoServiçode InternatodoHospital deS. José eAnexos” da
autoria de JoãoFerraz deMacedo, Enfermeiro-Mor entre 1890 e 1900, veio abrir definitivamente as
enfermarias dos vários hospitais aos estudantes dos dois últimos anos da Escola. Doze quintanistas
com a designação de
internos
e um número variável de quartanistas com a designação de
externos
,
passaram a ser equiparados a “
empregados superiores do hospital
” e a ter tarefas específicas nas
enfermarias. Apenas os internos eram remunerados com um vencimento mensal de 7$000 réis e
tinham alojamento nos próprios hospitais, devendo permanecer um deles no Hospital de S. José e
outronoDesterro, duranteanoite
42
.
No entanto, depressa se geraram conflitos ente a função assistencial e as necessidades escolares, não
só pelo número excessivo de alunos que circulavam constantemente pelas enfermarias, impedindo
a boa realização das tarefas assistenciais, como pela indisciplina de muitos deles, que recusavam
submeter-se às regras vigentes, como ainda pelo aumento dos gastos nomaterial que os estudantes
usavam sem critério. Face a este estadode coisas, limitou-se onúmerode alunos a dois quartanistas
eumquintanista, por enfermaria, todos submetidos à tuteladeummédicodoquadrohospitalar
43
.
Em 1901, com a reforma de Curry Cabral, os internos deixaram de ter o estatuto de empregados
do hospital. Embora pudessem escolher as enfermarias que queriam frequentar, necessitavam da
anuência do director respectivo, ficando proibidos de interferir no funcionamento das enfermarias e
submetidos àdisciplinahospitalar.
O número de alunos da Escola Médico-Cirúrgica admitidos nas enfermarias foi o seguinte: em
1906-1907, 17do4º ano e 19do5º; em1907-1908, 14do4º ano e 9do5º; em1908-1909, 16do4º
anoe16do5º; em1909-1910, 29do4º anoe16do5º
44
.
Apesardestasnovasmedidas,astensõesentreaadministraçãohospitalareadirecçãodaEscolaMédica
mantiveram-se, baseadas principalmente na alegada insuficiência de enfermarias para o número
crescente de estudantes bem como na falta de condições para o ensino médico das instalações do
antigoConventoArrábido, ondeeramministradasascadeirasbásicas, queseencontravaemavançado
estadodedegradação.
Entretanto, mais de uma década antes, tinham sido aprovados os planos para a construção de um
edifício novo destinado ao ensino das cadeiras básicas, num local próximo do Hospital de S. José.
Apesardaprimeirapedra ter sido lançadaem1890, onovoedifíciodaFaculdadedeCiênciasMédicas,
situado no Campo de Santana, só foi inaugurado em 1906, e apenas começou a funcionar em 1911.
A sua inauguração coincidiu coma realizaçãodoXVCongresso Internacional deMedicina, que reuniu
emLisboa cercade2000 congressistas epara aorganizaçãodoqual tevepapel preponderanteMiguel
Bombarda.
Entretanto, oHospital de SantaMarta que estavadestinado ao internamentodos doentes com sífilis
e outras doenças venéreas, em substituição do Hospital do Desterro, foi entregue à Faculdade de
Medicina,passandoachamar-seHospitalEscolarHintzeRibeiro.Estadecisão, contrariandoavontade
42RegulamentoGeral dos Serviços Clínicos doHospital de S. José eAnexos, Secção II - ServiçoClínicoExterno. AprovadoporDecretode 24deDezembrode
1901. Lisboa, ImprensaNacional, 1901.
43Cabral, JosédaCâmaraCurry.
OHospitalReal deS. JoséeAnnexosdesde7deJaneirode1901até5deOutubrode1910.
Tipografia “AEditoraLimitada”. Lisboa,
1915.
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Ibidem
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