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Introdução
A córnea é uma estrutura por definição avascular. São inúmeros os processos celulares e
intercelulares que ativamente mantêm essa integridade
1,2.
A rotura desse equilíbrio pelo
aumento dos fatores angiogénicos (VEGF) e a diminuição dos fatores antiangiogénicos (VEGF
Rec1, trombospondina1, Fas Ligand), conduz inexoravelmenteà invasão corneanapor estruturas
vasculares sanguíneas e linfáticas, naquilo que se denomina por neovascularização corneana
(NVC)
3-5
.Constituinasuaessênciauma respostafisiológicados tecidosaumaagressãodenatureza
diversa: infeciosa, imunológica, traumática, anóxica ou degenerativa. No entanto a persistência
destarespostaangiogénica localalteraaanatomiacorneanaeperturbaosmecanismosfisiológicos
de homeostasia, quemantém a transparência e o privilegio imunológico
6,7
. O insulto repetido e
contínuo induz processos de fibrose, de hiperpermeabilidade vascular, exsudação, depósitos de
lípidos, hemorragia intraestromal eedema
8,9
. Aneovascularização corneanapodeassimprovocar
alterações funcionaisdramáticas comoadiminuição severaepermanentedaacuidadevisual.
Etiopatogenia
A avascularidade corneana suprime o arco reflexo imunológico. Impede a migração de células
apresentadorasdeantigéniosparaosnódulos linfáticos, fundamental nodesencadearda resposta
imunológica. Por sua vez, o ramo eferente imunológico - população linfocitária aloreativa, por
ausênciadecanaisprópriosnãoatingeoseualvo
2,10
.ANVCcolocaemcausaoprivilégio imunológico
corneanoecondicionaasobrevidadeuma futuraqueratoplastia
11
.Éconsensualqueapresençade
NVCna córnea receptora éum fator de riscode rejeição e falênciadoenxerto. NoCollaborative
CornealTransplantationStudy
12
doisoumaisquadrantesdeneovascularizaçãodacórneareceptora
definem o transplante de alto risco. Para além do número de quadrantes deNVC, o número de
vasosquecruzamo interfaceestá relacionadocommaior incidênciade rejeição
13
.
As causas de neovascularização corneana
8
são: doenças inflamatórias da superfície ocular
(conjuntivite severa crónica, blefarite, pemphigos ocular, síndromede Stevens-Johnson); doenças
infeciosas (bacteriana, viral, fúngica, parasitária); trauma (mecânico, químico); hipóxia (lentes de
contato): alteraçõesdegenerativas (pterigion, degeneraçãomarginal deTerrien).
A incidênciadaneovascularizaçãocorneananapopulaçãoamericanaéde1.4milhõesdedoentes/
ano,sendoqueem12%doscasosexisterepercussãofuncionalsignificativa.A infeçãopelaClamydia
trachomatys–tracomaocular–constitui,comcercade15%,umadasprincipaiscausasdecegueira
nomundosubdesenvolvido
14
.NomundodesenvolvidoaNVCsurgecommaior incidênciaassociada
à infeçãoherpéticaeaousode lentesdecontato, comparticularmorbilidade funcional
15
.
EtapasdaNeovascularização
ANVCocorreem3etapas: Fase latenteprevascular; Fasedeneovascularizaçãoativasediadanos
capilares e vénulasdoplexo limbar pericorneano; Fasedematuração/regressão
16
.
ANeovascularizaçãoCorneana
NovasAbordagens Terapêuticas
PedroCandelária, VítorMaduro, NunoAlves, JoãoFeijão, FranciscoTrincão, CarlosBatalha
