Atlas Ecografia - page 48

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Atlas de Ecografia Oftálmica
Vol I - Ecografia do Segmento Posterior
4 - VÍTREO
Em condições normais e no indivíduo jovem, a
cavidade vítrea não apresenta refletividade sig-
nificativa – “silêncio vítreo”, pois está ocupada
pelo gel vítreo que é transparente (constituído
por água, ácido hialurónico e colagéneo). Por
vezes é possível individualizar algumas opaci-
dades pouco densas, muito móveis e sem tra-
dução clínica. Em modo B e com ganho elevado
aparecem como pequenos pontos brilhantes e
em modo A como deflexões de baixa amplitude.
Fenómenos ligados à idade, miopia, traumatis-
mos, inflamação ou hemorragia produzem ecos
anormais semelhantes, sob a forma de pontos,
bandas ou membranas, o que torna difícil o
diagnóstico baseado apenas nessas alterações
imagiológicas.
Nunca é demais referir que a informação clínica
associada a cada caso é extremamente impor-
tante, pois permite melhorar e enquadrar a inter-
pretação dos achados ecográficos.
4.1. DESCOLAMENTO POSTERIOR DO
VÍTREO
O
descolamento posterior do vítreo
(DPV)
define-se como a separação entre a membra-
na hialoideia posterior (HP) e a membrana limi-
tante interna da retina (MLI). Este fenómeno é
frequente, especialmente no sexo feminino com
o envelhecimento. A perda das uniões vítreorre-
tinianas seguida de liquefação (sinerese vítrea)
e colapso anterior do vítreo é responsável pela
sintomatologia clínica.
A ecografia permite não só confirmar o diagnós-
tico mas sobretudo estudar e classificar o DPV
do ponto de vista cinético.
4.1.1. DESCOLAMENTO POSTERIOR DO
VÍTREO PARCIAL
O gel vítreo apresenta algumas zonas de forte
aderência vítreorretiniana - a base do vítreo
(cerca de 3 mm anterior e posterior à ora serra-
ta), o disco ótico, a mácula e as arcadas vascu-
lares temporais. O processo de descolamento
não ocorre de forma uniforme e simultâneo pelo
que estas zonas podem manter a sua aderência
durante muito tempo. Com os movimentos ocu-
lares, a tração VR provoca fotópsias e nesta
fase o exame ecográfico pode identificar várias
alterações:
Aderência VR sem tração
, caracterizada
pela presença de uma banda delgada de
média refletividade aderente à retina perifé-
rica e que no exame cinético não causa o
seu levantamento (fig 38).
Aderência VR com tração
mas sem ras-
gadura, com as mesmas características da
anterior mas a provocar levantamentos pon-
tuais da retina (fig 39).
Rasgadura sem ou com tração VR
, ca-
racterizada pela presença de uma interface
hiperrefletiva saliente na cavidade vítrea,
contígua com a retina adjacente. Na maioria
dos casos é possível identificar no exame
cinético o vítreo aderente à sua extremidade
livre (fig 40).
Rasgadura com descolamento de retina
,
com as mesmas características da anterior,
mas em que a retina adjacente à rasgadura
se encontra descolada (fig 41).
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