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Atlas de Ecografia Oftálmica
Vol I - Ecografia do Segmento Posterior
Fig 44 – Synchisis scintilants: a) cristais na CA; b) cristais no vítreo associados a descolamento de retina
• A
amiloidose secundaria
surge na se-
quência de infeções ou inflamações cróni-
cas com produção de proteínas reativas de
fase aguda no fígado (artrite reumatóide,
tuberculose, psoriase artropática, doença
inflamatória do intestino).
• A
amiloidose hereditária
(Paramiloidose
- PAF), de transmissão autossómica domi-
nante, cursa com manifestações neurológi-
cas como neuropatia periférica, pupila de
Addie e também envolvimento da córnea e
vítreo uni ou bilateralmente (fig 45 a-b).
Ecograficamente identificam-se múltiplas opa-
cidade vítreas, de média/alta refletividade e de
localização inicialmente posterior, móveis e sem
aderência à retina (fig 45 c-d)
4.5. HEMORRAGIA DO VÍTREO
A
hemorragia do vítreo (HV),
qualquer que
seja a sua origem impede a completa observa-
ção da retina, pelo que o estudo ecográfico, em
especial a avaliação cinética, se torna impres-
cindível. A permanência de sangue na cavidade
vítrea provoca baixa da AV por alterações quími-
cas (hemossiderose) ou mecânicas (formação
de bandas e membranas vítreas e eventual des-
colamento de retina).
Através do exame ecográfico é possível obter
informação sobre a densidade e localização do
HV, assim como excluir ou confirmar a presen-
ça de rasgaduras, tração VR, descolamento de
retina/coroideia, DMI e tumores.
• Na ecografia modo A e B a hemorragia re-
cente apresenta-se sob a forma de múltiplos
pontos brilhantes de baixa/média refletivida-
de, móveis na cavidade vítrea e de localiza-
ção e densidade variáveis (fig 46).
Aliás, só a ecografia permite obter informação
segura em relação à localização da hemorragia
e sua relação com a retina.
• Quando existe um DPV, o sangue pode per-
manecer entre a hialoideia posterior e a reti-
na. Nesta localização o sangue mantém-se
fluido e geralmente forma um nível posterior
–
hifema posterior,
facilmente identificado
pelo seu limite anterior retilíneo e mobiliza-
ção com a inclinação da cabeça (fig 47 a-b).
• Pelo contrário, a hemorragia pode ficar limi-
tada ao vítreo condensado anteriormente e
deixar livre a zona pré-retiniana (fig 47 c-d).
• A hialoideia posterior espessada pela pre-
sença de sangue pode emitir ecos de máxi-
ma amplitude, simulando um DR. No entan-
to, e ao contrário do descolamento de retina,
a amplitude dos ecos diminui na periferia e
habitualmente não existe aderência ao DO
(fig 47 e-f).
• Na presença de um DPV incompleto com
aderência ao DO e HP espessada, o diag-
nóstico diferencial torna-se então muito
mais difícil mesmo para ecografistas expe-
rientes.
a
b