17
A mucina, produzida nas células goblet da conjuntiva, é responsável pela criação de uma
superfícieocular bem lubrificada, permitindoaoepitéliodos bordos palpebrais deslizar sobreo
epitéliocorneanoeconjuntival sematritossignificativos
12
.Adeficiênciademucinapodeoriginar
a formaçãodeprecipitados na superfícieocular, característicos filamentosmucosos visíveis em
algunsdoentes comOlhoSeco.
PatofisiologiadoSíndromedeOlhoSeco
O Olho Seco resulta da disfunção da Unidade Funcional Lacrimal (UFL). A UFL é um sistema
integrado constituído por glândulas lacrimais (principal e acessórias), epitélio corneano e
conjuntival, pálpebras e glândulas deMeibomius e a inervação sensitiva, autonómica emotora
que interligamentre si os vários componentes
13,14
.
A inervaçãodaUFL temumcomponenteparassimpático, simpático, sensitivo (Vpar craneano) e
motor (VII par craneano) que controlaaproduçãoemanutençãodofilme lacrimal em resposta,
de uma forma coordenada, aos vários estímulos ambientais, hormonais e neurológicas. É
responsável pela preservação da integridade do filme lacrimal, da transparência da córnea
e, subsequentemente, da qualidade da imagem projetada na retina
16
. Um dos aspectos mais
importantes daUFL é opapel da inervação sensitiva da superfície ocular na produçãobasal da
lágrima
16
. A inervação sensitivadamucosanasal também influenciaestemecanismo
17
.
A disfunção de um componente da UFL pode originar um filme lacrimal instável, quer por
diminuiçãodaproduçãoda lágrima,querporalteraçãodasuacomposição.As lesõesdasuperfície
ocular, causadas por agressões osmóticas, inflamatórias e oumecânicas, são responsáveis pela
estimulação reflexa da glândula lacrimal. É esta atividade trigeminal reflexa que é responsável
pelo aparecimento de mecanismos compensatórios de defesa como sejam o aumento da
frequência do pestanejo e lacrimejo. Este último é uma queixa frequente e é, namaioria das
vezes,muitomal percebidapelosdoentes comOlhoSeco.
NadisfunçãocrónicadaUFL, surgeumadessensibilizaçãocorneanaquecomprometea resposta
reflexa e agrava a instabilidade do filme lacrimal, aumentando a inflamação da superfície
ocular. A alteração da UFL é considerada como sendo uma das principais responsáveis pelo
desenvolvimentodedoençaocular noOlhoSeco
1
.
Existem dois importantes mecanismos envolvidos no início, na amplificação e na alteração do
padrãodoOlhoSecoao longodo tempo: ahiperosmolaridade lacrimal ea instabilidadedofilme
lacrimal.
Hiperosmolaridade Lacrimal
A hiperosmolaridade lacrimal é a principal responsável pelas lesões inflamatórias que
originam as queixas referidas pelos doentes, assim como pelo aparecimento dos mecanismos
compensatórios noOlho Seco. Trata-se de um fenómeno que está presente em todos os tipos
de Olho Seco. A hiperosmolaridade lacrimal resulta da alteração da camada aquosa, quer em
situaçõesdediminuiçãodaproduçãode lágrima, querem situaçõesdeevaporaçãoexcessivaou
nacombinaçãodeambas.Aosmolaridadenormalrondaos290–320mOsm/litro.Habitualmente,
oOlhoSecoocorreacimados 320 - 330mOsm/litro.