Superficie Ocular - page 20

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Ahiperosmolaridadeprovocadesidratação celular e lesãodasparedesdoepitélioda superfície,
ativando uma cascata de eventos que termina com a produção e estimulação demediadores
pró-inflamatórios, tais como interleuquinas IL-1α, IL-6, IL-8e fator denecrose tumoral α (Tumor
Necrosis Factor α, TNF-α) e, múltiplasmetaloproteinases (MMPs), como elastase e colagenase
queprovocama roturadasuniões celulares. Váriosestudosmostraramoaumentodaexpressão
dos marcadores inflamatórios HLA-DR, ICAM-I e proteínas de lesão
18,19
, enquanto a produção
de EGF está diminuída, originando menor capacidade de reparação das células epiteliais da
superfície.A inflamaçãocrónica induzapoptosedas célulasepiteliais, incluindoas célulasgoblet
produtoras demucina. Aperdaprogressivadestas células estápresenteem todas as formas de
OlhoSeco
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. Embora inicialmenteocorraumahipersecreção lacrimal reflexa, estanão consegue
compensar devidamenteahiperosmolaridadedofilme lacrimal.
Ahiperosmolaridadedofilme lacrimal tambémorigina inflamaçãoneurogéneanas terminações
nervosas com aumento da substância P e do peptídeo relacionado com o gene da calcitonina.
Estes provocam vasodilatação com extravasão de mediadores plasmáticos, induzindo olho
vermelho sintomático.
Oaclaramento lacrimaléumprocessocomplexode limpezada lágrimaequeresultadoequilíbrio
entre a sua produção e renovação por um lado, e a drenagem nasolacrimal, evaporação e a
sua absorção conjuntival por outro. O aclaramento ocorre principalmente pelo movimento
das pálpebras, ou seja, aquando do pestanejo a lágrima é deslocada para o canto interno e
depois, por um efeito de sucção do saco lacrimal, é encaminhada para os canais lacrimais. Um
aclaramento deficiente por alteração do pestanejo ou das vias que levam ao desaparecimento
da lágrima,originahiperosmolaridadecommaior tempodeexposiçãodosconstituintesdofilme
lacrimal na superfícieocular. Enquanto, através dadrenagemnasolacrimal, desaparecem todos
osconstituintesda lágrima,naevaporaçãosóa faseaquosaédissipada. Isto, comomaisà frente
éexplicado, conduz aumprocesso inflamatório crónico comagravamentodoOlhoSeco.
InstabilidadedoFilme Lacrimal
A instabilidade do filme lacrimal é omecanismo fisiopatológicomais importante em algumas
formas deOlho Seco, não havendo relação, pelomenos nas fases iniciais, com as variações da
osmolaridade lacrimal. Esta instabilidadeédemonstradapeladiminuiçãodo tempode roturado
filme lacrimal (TRFL) na superfície ocular durante o intervalo entre pestanejos. A instabilidade
do filme lacrimal, mesmo que discreta, pode ser suficiente para produzir sintomas de Olho
Seco
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. Predispõeaoaparecimentode lesõesprincipalmentenaáreada fendapalpebral, devido
à excessiva desidratação celular que origina necrose celular com descamação da camadamais
superficial, diminuiçãodas células goblet da conjuntiva comalteraçãodasmucinaseglicocálice.
A instabilidade do filme lacrimal por um lado, e a disfunção das células goblet conjuntivais por
outro, criam um ciclo vicioso com agravamento progressivo deste processo até ao Olho Seco
grave. A hiperosmolaridade do filme lacrimal, quando presente, contribui para a deterioração
doquadro clínico.
A instabilidade do filme lacrimal ocorre também em situações de doença da superfície
ocular, como a xeroftalmia e a conjuntivite crónica alérgica, e como consequência dos efeitos
secundários damedicação tópica. Como resultado, alterações celulares e da camadamucínica
podem ser observadas. Na deficiência da vitamina A, a instabilidade da lágrima advém da
diminuição das células goblet e mucinas, e do aparecimento de formas de queratinização
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.
O mecanismo de hipersensibilidade tipo I mediado pela IgE na conjuntivite alérgica e os
mecanismos de hipersensibilidade tipo I e celular tipo IV na queratoconjuntivite vernal são os
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