A nictalopia foi estudada pelo médico inglês Guilherme Heberden
em1767, estudo publicado nasMedical Transaction do ano seguinte.
Século e meio antes, aquele religioso não só descrevia o sindroma,
mas também mencionava a terapêutica conveniente e ainda o facto
de a doença se curar pela simples mudança de habitat. Também
é muito notável a informação, de que a endemia não atacava só
europeus, mas também os indígenas. Não refere fr. João, que alguns
dos seus companheiros missionários sofressemmoléstia, o que bem
se pode explicar pela diferença de alimentação que os pusesse ao
abrigo da avitaminose, causa daquela perturbação visual.
No século XVII estabelece-se em Lisboa um médico beirão de vida
aventurosa a mais não poder ser. Era o famoso Filipe Rodrigues
Montalto
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, natural de Castelo Branco, que se estabeleceu em Lisboa
(morava no largo de S. Domingos, e fugindo à Inquisição foi para
Itália, onde adquiriu grande nome, a ponto de ser convidado para
ensinar nas universidades de Bolonha, Pádua, Pisa e Messina).
Publicou um tratado de Anatomia e Fisiologia do aparelho visual:
“Optica Intra Philosophiae, & Medicinae aream, de visu, de visus
organo, et objecto theoriam accurate complectens”, Florença, 1606.
O livro de Montalto foi desconhecido por muito tempo no nosso
país, assim se explica que os que escreveram sobre o mesmo
assunto em português se mostrassem tão ignorantes da anatomia
do olho e da fisiologia da visão.
Na Praxis Médica Admiranda de Zacuto
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destacamos:
Amaurose ou gota serena curada com ervas.
Estrabismo num adolescente, que se curou depois dum Fontículo
aberto na nuca.
No final do século XVII João Curvo Semêdo publica a Polyanthea
Medicinal
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.
Nesta época a catarata supõe porvir de humores maus, que ou se
geram no olho, ou descem do cérebro, ou sobem do estômago.
Acreditava no bom efeito de pentear o doente de diante para trás
durante meia hora cada dia, durante três meses, na instilação de
remédios preparados com fel de víbora, galo, lebre ou cabra, o
esterco do lagarto ou a enxúndia da lebre, beber vinho com bichos-
de-conta e caldos de víboras.
As Termas de Monchique são referidas como tradição de as
aproveitarem em lavagens nas doenças de olhos.
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D. José, que estimava muito o pintor Alexandre Guisti,
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quando
este cegou, mandou-o para França com grandes recomendações,
