IOVS, Special Issue 2011, Vol.52, nº4
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Testes para o diagnóstico da DGM
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ara os adultos assintomáticos é adequado incluir a expres-
são da glândula (ex. pela aplicação de uma pressão digital
moderada na parte central da pálpebra inferior) na avaliação
de rotina do paciente, para detectar DGM assintomática,
não óbvia. O diagnóstico da DGM pode necessitar que o
paciente seja avaliado também para lesão da superfície ocu-
lar e olho seco, usando as técnicas adequadas de diagnós-
tico.
Para os pacientes com sintomas de superfície ocular ou si-
nais morfológicos na pálpebra de DGM (ex. obstrução dos
orifícios e outros sinais nos orifícios ou margem palpebral),
deverá ser avaliada a funcionalidade das glândulas meibo-
mianas através de uma pressão digital no terço central (±
nasal) das pálpebras inferior/superior, para determinar a
extensão e a severidade da DGM (facilidade de expulsão
e qualidade da secreção). Isso deve ser realizado através de
uma pressão digital moderada ou de técnica padronizada. O
paciente deverá ainda ser avaliado para verificar evidências
de lesão da superfície ocular e olho seco.
Testes para o diagnóstico de olho seco relacionado
com DGM
Recomenda-se uma abordagem de dois níveis para o diag-
nóstico do olho seco relacionado com DGM. Na primeira
etapa, os indivíduos normais são separados dos pacientes
com olho seco de qualquer tipo (olho seco genérico). A se-
gunda etapa envolve o diagnóstico diferencial do olho seco
evaporativo relacionado com DGM em relação ao olho
seco com deficiência aquosa.
São propostas duas abordagens, uma adequada para profis-
sionais que trabalham em clínica oftalmológica geral e outra
para investigadores que trabalham em unidades especiali-
zadas. A base de evidências dos testes propostos varia em
função das necessidades da situação clínica.
Indica-se seguidamente a sequência adequada de testes a
realizar em clínica oftalmológica geral para o diagnóstico de
doença relacionada com DGM, em pacientes com sintomas
de doença da superfície ocular:
1. Aplicação de um questionário de sintomas
2. Medição da taxa de pestanejo e cálculo do intervalo
entre cada pestanejo
3. Medição da altura do menisco lacrimal inferior
4. Medição da osmolaridade lacrimal (se disponível)
5. Instilação de fluoresceína e medição do tempo de ruptu-
ra do filme lacrimal (TFBUT) e Índice de Protecção Ocular
6. Graduação da coloração da fluoresceína na córnea e na
conjuntiva
7. Teste Schirmer ou outro (teste da linha vermelha de fe-
nol)
Um resultado positivo (anormal) dos testes 1, 4, 5 e 6 for-
nece provas parciais da presença de olho seco genérico, sem
especificar se se trata de olho seco com deficiência aquosa
ou olho seco evaporativo. Evidências para olho seco com
deficiência aquosa podem ser obtidas pela medição do fluxo
lacrimal ou por uma avaliação do volume aquoso tendo por
base a altura do menisco lacrimal ou o teste de Schirmer.
8. Se a DGM não tiver sido caracterizada (sintomática/ as-
sintomática) numa visita prévia, pode ser avaliada no final
da sequência seguinte:
i. Quantificação das características
morfológicas da pálpebra.
ii.Expressão: quantificação da facilidade de expul-
são e qualidade do meibum.
iii. Meibografia: quantificação da perda glandular.
Se os testes sugerirem o diagnóstico de olho seco genérico e
os testes do fluxo lacrimal e volume forem normais, deduz-
se a presença de olho seco evaporativo e a quantificação
da DGM indicará a contribuição das glândulas meibomia-
nas. Esta sequência de testes também permite realizar um
diagnóstico de DGM sintomática, com ou sem coloração
da superfície ocular e com ou sem olho seco. Os níveis de
graduação para cada teste podem ser usados para controlar
a doença durante o tratamento.
Uma série de testes “ideal” ou global para os especialistas
da córnea ou para os investigadores que realizam ensaios
clínicos, é também proposta para as clínicas que têm acesso
a um maior leque de equipamentos de diagnóstico. Alguns
dos testes mencionados são alternativos e mais baseados na
investigação. Sugere-se mais uma vez que o diagnóstico seja
realizado em duas etapas, primeiro para diagnosticar olho
seco genérico, depois para determinar o subtipo em função
do grau de DGM.
Esta série de testes consiste numa avaliação de sintomas
(ex. OSDI, DEQ) e medições da osmolaridade, secreção,
volume, estabilidade e evaporação das lágrimas. Testes da
lesão da superfície ocular, como a coloração da córnea e
conjuntiva, também estão incluídos na série de testes. Tes-
tes de mediadores inflamatórios, a presença de marcadores
de células inflamatórias, e outras análises de espectrometria
de massa das proteínas e dos lípidos também podem ser
usados para fornecer informações sobre o estado de infla-
mação global da superfície ocular, embora a relação com a