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Atlas de Ecografia Oftálmica
Vol I - Ecografia do Segmento Posterior
1 - INTRODUÇÃO
A ecografia oftálmica é um exame imagiológi-
co estrutural que nos fornece informação sobre
as propriedades mecânicas dos tecidos, resul-
tado da interação entre o som e as interfaces
que encontra durante a sua propagação. É por-
tanto, uma técnica indispensável na avaliação
oftalmológica e que se torna ainda mais impor-
tante nas situações em que a opacidade dos
meios não permite a observação do segmento
posterior do globo ocular, nem a execução de
outros exames como a angiografia fluoresce-
ínica (AF) ou a tomografia de coerência ótica
(OCT).
É um método não invasivo, fácil de executar em
adultos e crianças, não é necessário recorrer a
sedação ou anestesia geral, não necessita de
meios óticos transparentes, é fiável, reprodutí-
vel e muito eficiente (obtêm-se bons resultados
a baixo custo).
Quando realizado por oftalmologista com al-
guma experiência nas várias técnicas de exe-
cução, permite estudar diferentes patologias
cujo diagnóstico e seguimento são de extrema
importância. É o caso dos tumores intraocula-
res, da hemorragia do vítreo, do descolamento
da retina e/ou da coroideia, dos traumatismos
oculares e das doenças que afetam a órbita
anterior, em especial o nervo ótico (NO) e os
músculos oculomotores (MOM).
Não menos importante é o
exame cinético
da
interface vítreorretina que avalia de uma forma
dinâmica as interações que se estabelecem
entre as diversas estruturas oculares durante e
após o movimento dos olhos e/ou cabeça.
1.1 PROPRIEDADES DOS ULTRASSONS
O exame ecográfico baseia-se no princípio
da reflexão do som. O ultrassom corresponde
a uma vibração mecânica de alta frequência
(superior a 20 KHz) inaudível para o ouvido
humano e produzido a partir de uma fonte vi-
bratória situada num transdutor –
sonda
, que
transforma impulsos elétricos em mecânicos e
vice-versa. Este fenómeno é conhecido como
efeito piezoelétrico.
A propagação das ondas acústicas provoca vi-
brações do meio que atravessa, produzindo de-
flexões longitudinais com áreas de compressão
e rarefação alternadas e periódicas e cujas ca-
racterísticas físicas são:
Comprimento de onda
(λ) – distância entre
fenómenos de rarefação e compressão.
Frequência
(f) – número de oscilações pro-
duzidas num segundo, medida em hertz (Hz).
Período
(T) – tempo em que o mesmo fenó-
meno se repete (inverso da frequência).
Amplitude
(a) – intensidade da onda sonora.
A
frequência
determina a capacidade da eco-
grafia em discriminar dois pontos próximos
resolução espacial
. Deste modo, quanto
maior a frequência, menor o comprimento de
onda, menor a penetração nos tecidos, mas a
resolução é melhor. Como o olho é um órgão su-
perficial interessa-nos obter a melhor resolução
possível e por isso usamos sondas de 10, 20,
35 ou 50 MHz, estas duas últimas utilizadas em
ecografia de alta resolução -
ultrabiomicros-
copia (UBM)
para estudo do segmento anterior
do globo ocular.
A
impedância acústica
(Z) corresponde à re-
sistência que um determinado meio oferece à
passagem do som (velocidade do som x densi-
dade do meio).
A
velocidade do som
(c) é constante para
cada material e depende das suas proprieda-
des elásticas e densidade. Assim, o ultrassom
transmite-se através dos meios oculares a di-
ferentes velocidades (mais rapidamente nos
meios sólidos do que nos líquidos) e à medida
que encontra as diferentes estruturas intraocu-
lares sofre processos de absorção, transmissão
e reflexão - ECO, que retorna à sonda e é con-
vertido em sinal elétrico. Este é depois amplifi-
cado, o que possibilita a reconstrução de uma
imagem bidimensional que é apresentada no
monitor em tempo real (fig 1).
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