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Fig 1 - Emissão, reflexão (eco) e receção do ultrassom
1.2. CARACTERÍSTICAS DO ECO
A reflexão do som ocorre sempre que este, no
seu trajeto, encontra interfaces com velocidade
de transmissão e impedância acústica diferen-
tes, o que depende dos tecidos que atravessa,
por exemplo cristalino (sólido) - vítreo (líquido)
- retina (sólido).
VELOCIDADE DE TRANSMISSÃO DO SOM
NOS DIFERENTES TECIDOS
• Água - 1480 mm/seg
• Aquoso/Vítreo - 1532 m/seg
• Tecidos moles - 1550 m/seg
• Sangue - 1585 m/seg
• Cristalino - 1641 m/seg
• Osso - 3500 m/seg
As características do eco observado no monitor
(sob a forma de
pontos em modo B
e
defle-
xões da linha de base em modo A
), depen-
dem de vários fatores:
• Absorção e refração do ultrassom
• Ângulo de incidência do ultrassom
• Tamanho, forma e consistência da interface
1.2.1. ABSORÇÃO E REFRAÇÃO DO
ULTRASSOM
O som é em parte absorvido pelo meio que atra-
vessa. Quanto mais denso é esse meio, maior a
absorção e menor será a transmissão para as
estruturas posteriores, que se irão apresentar
menos brilhantes em modo B e com deflexões
menores em modo A.
As pálpebras constituem o primeiro obstáculo à
progressão do som, mas na nossa experiência
não encontramos diferenças significativas entre
o exame realizado sobre as pálpebras ou sobre
a córnea/conjuntiva. Já um cristalino opacificado
provoca grande absorção do som e impede a ob-
tenção de um exame do segmento posterior com
qualidade suficiente, pelo que é necessário usar
incidências que passem ao lado do cristalino.
Corpos estranhos intraoculares ou interfaces com
densidade osso ou cálcio (osteoma, retinoblasto-
ma, drusen do nervo ótico) impedem também a
transmissão do som para além delas tendo como
consequência a presença de um cone de sombra
posterior à lesão–
shadowing
(fig 2).
Fig 2 - Ecograma axial através do cristalino; ecograma
para-axial; ecograma através de uma estrutura hiperreflec-
tiva com cone de sombra posterior
1.2.2. ÂNGULO DE INCIDÊNCIA DO
ULTRASSOM
O ângulo de incidência do ultrassom é um dos
fatores que influencia o brilho (modo B) e a am-
plitude (modo A) do eco devolvido. Assim, a
sonda deve ser colocada sempre que possível,
de forma perpendicular à superfície a estudar.
Quando colocada de forma oblíqua, parte do
som é refletido mas não retorna à sonda e a
deflexão obtida é de menor amplitude. Portan-
to, quando é importante estudar a periferia da
retina deve o doente olhar na direção da lesão,
de forma a possibilitar a colocação correta da
sonda e otimizar o exame (fig 3).
1 - INTRODUÇÃO