Superficie Ocular - page 154

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factores de risco relevantes estão a utilização de lentes de contacto, e o recurso frequente de
corticosteróides tópicos. A utilização frequente de corticosteróides tópicos ou sistémicos, por
provocardiminuiçãoda resposta imunológica,podepredisporparaodesenvolvimentomais fácil
de infecçõessecundárias,particularmente infecçõesfúngicas.Outrosfactoresderiscoconhecidos
sãocirurgiaspréviasdebilitantescomoo transplantedecórneaouacirurgia refractiva incisional.
As inflamações crónicas associadas a querato-conjuntivites vernal e atópica, bem como as
infecçõespréviasporherpes, podem tambémpredisporparaumaqueratite fúngica secundária.
Asqueratitespor
Candida
desenvolvem-seempacientes imunodeprimidosoupacientesemque
acórneaapresente lesõesepiteliaisporoutrascausas.As lesõespor fungosfilamentarespodem
desenvolver-seempacientes portadores de lentes de contacto comdeficientehigienizaçãodas
mesmas. Foi descrita uma série de queratites por
Fusarium
associadas a uma solução única de
lentesde contacto, entretanto retiradadomercado.
Durante a fase inicial da infecção, os pacientes com queratites fúngicas apresentam escassos
sinais de inflamação, comhiperémia conjuntivalmoderada ou ausente. Os fungos filamentares
apresentam classicamenteum infiltradoestromal branco-acinzentado, debordosmal definidos
e irregulares. Por vezes podem aparecer múltiplas lesões mal definidas, elevadas, ou uma
grande lesão com pequenas lesões satélite. Se a infecção é profunda e grande o suficiente
podeaparecer umaplacaendotelial ehipópio. Àmedidaquea infecçãoprogrideparaa câmara
anterior desenvolve-se rapidamente uma resposta inflamatória exuberante com formação de
membranasdefibrina. A infecçãopodeprogredir atingindoa íris, ânguloe câmaraposterior
58
.
As queratites fúngicas por formas leveduriformes, são mais frequentemente provocadas por
Candida
. São formasmais frequentemente superficiaismas podemprogredir emprofundidade
noestroma, assemelhando-seàsqueratites fúngicasprovocadaspor fungosfilamentares.
As queratites fúngicas, em fasemais avançada, podem apresentar resposta inflamatória mais
exuberanteque seassemelhaà inflamaçãodasqueratitesbacterianas.
Existem métodos de coloração apropriados para fungos, assim como meios de cultura
apropriados (Agar-Sangue,Agar-SabouraudeBrain-Heart). Aexistênciadeumaprimeiracultura
negativa, comquadro clínico suspeitodequeratite fúngica, aconselhauma segunda colheitade
amostra. Por vezes énecessário remover oepitélio suprajacentepara aumentar a sensibilidade
da colheita
58
.
A identificação de uma queratite fúngica requer início de tratamento adequado e dirigido para
estegrupodeagentes. EmPortugal, existeapenas umantifúngico comercial, o clotrimazol, que
pode constituir a terapêutica inicial associada a uma quinolona tópica. É conhecido o efeito
sinérgico entre estes dois grupos farmacológicos quando aplicados topicamente. Muitas vezes
a resposta limitada à terapêutica comercial obriga a recorrer a formulações fortificadas. A
anfotericinaB (0.15%-0.30%)éaltamenteeficazemqueratites fúngicasprovocadaspor
Candida.
A anfotericinaB tambémestá recomendada emqueratites por fungos filamentares provocadas
por
Aspergillus.
O tratamento tópico com formulações fortificadas de voriconazol está indicado
quando as infecções não respondem ao tratamento com anfotericina B. A terapêutica oral
adjuvanteestá indicadanas formas graves ou resistentes. O cetoconazol oral (200-400mg) está
indicado nas formas filamentares e o fluconazol (200-400 mg) nas queratites por
Candida.
O
itraconazoloral (200mg) temboaactividadesobre
Candida
e
Aspergillus
,masactividadevariável
sobre
Fusarium.
O voriconazol oral apresenta largo espectro de actividade e boa penetração
ocular.Opreçoelevadoéa suaprincipal limitação.
58,63
Amápenetraçãooculardas formulaçõesdeantifúngicos tópicosémuitasvezes responsávelpela
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