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disciforme) a entidade clínica que aparece como consequência de uma inflamação endotelial
de causa desconhecida e que semanifesta clinicamente com a presença de edema estromal e
epitelial, precipitados queráticos limitados à área do edema, irite e ausência de infiltração ou
neovasos estromais na fase aguda. Clinicamente odoente refere fotofobia, desconfortoocular,
hiperémia ciliar e variável reduçãoda acuidade visual, consoantea localizaçãoea gravidadedo
edemaestromal.
EndoteliteDisciforme
É a forma mais frequente de apresentação da endotelite. Caracteriza-se pela existência de
uma área circular (disco) bem delimitada, central ou paracentral, de edema estromal. Quando
o edema estromal é grande, associa-se habitualmente a edema epitelial microquístico na
área correspondente. A opacidade demeios dificulta a avaliação da presença de precipitados
queráticos ou o grau de irite. É frequente a presença de hipertensão ocular secundária a
trabeculiteherpéticaprimáriaouaobloqueio trabecular por células inflamatórias
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.
EndoteliteDifusa
A endotelite difusa é uma forma rara de apresentação das queratites herpéticas.
Caracteristicamente o edema e os precipitados queráticos afectam toda a superfície corneana,
o edema epitelial acompanha o edema estromal e surge frequentemente irite e hipertensão
ocular
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.Talcomoaendotelitedisciforme, temumaelevadasensibilidadeaoscorticóidestópicos,
o que lhe confere um prognóstico relativamente bom, pois a instituição de um tratamento
agressivoeprecoce levahabitualmenteà total resoluçãodoquadro clínico.
QueratopatiaNeurotrófica
É uma entidade clínica de etiologia não infecciosa e não imune que pode surgir após qualquer
episódio de queratite epitelial. Deve-se à alteração da inervação corneana combinada com a
hipossecreção lacrimal epodeagravar-secomousocrónicodemedicação tópica,especialmente
com os antivíricos. O sinal clínicomais precoce é uma alteração ao nível do epitélio da córnea
com a perda do normal brilho/reflexo corneano. Posteriormente aparece uma queratopatia
punctiforme superficial, que pode progredir para um defeito epitelial persistente (DEP). O
DEP tem, caracteristicamente, uma forma ovalada com bordos planos, o que o distingue da
úlcera geográficaque temuma forma irregular ebordos elevados. Esta alteraçãoepitelial pode
progredir para uma úlcera estromal quemantém amesma forma ovalada e bordos planos do
DEPmas que se associa a opacificaçãodo estroma. A esta lesão chamamos úlcera neurotrófica
e pode acarretar diferentes sequelas, tais como a opacidade estromal, a neovascularização, a
necrose, aperfuraçãooua infecçãobacteriana secundária.
Iridociclite
Apesar depoder surgir de forma isolada semhistóriapréviadeherpes ocular, émais frequente
que surja a acompanhar um quadro de queratite estromal ou endotelite. As manifestações
clínicas são o aparecimento de reacção inflamatória variável na câmara anterior, precipitados
queráticos endoteliais finos e frequentemente zonas de atrofia da íris secundárias a necrose
isquémica do estroma iridiano. De formamenos frequente podemos observar nódulos na íris,
hemorragias ou hifema. A uveíte acompanha-se tipicamente de hipertensão ocular, atrofia
segmentar da íris epode ser refractáriaao tratamento com corticosteróides.