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baixaeficácia terapêutica.A remoçãodoepitélio facilitaapenetraçãodos fármacosaumentando
desta forma a sua eficácia terapêutica. Adicionalmente têm sido descritas aplicações intra-
estromais combons resultados e escassos efeitos laterais. As formas resistentes e progressivas
podemobrigar a realizaçãodeum transplantede córnea comfins terapêuticos
57,58
.
Queratitepor
Acanthamoeba
A
Acanthamoeba
é um protozoário ubiquitário que vive na natureza no solo e na água. Este
protozoário apresenta uma forma resistente, o cisto, capaz de resistir em condições muito
adversas, tais como frio e calor, dessecação e mesmo exposição às quantidades de cloro
habitualmente utilizadas nas águas municipais e piscinas. A grande maioria das infecções
associadas a este agente é em portadores de lentes de contacto (mais de 70% dos casos).
Durante os anos 2005 e 2006, o número de casos de queratite por
Acanthamoeba
aumentou
de formaexponencial, oqueveioa identificar como factorde riscouma soluçãoúnicaatéentão
comercializada. Este facto veio reforçar aevidênciadanecessidadede cuidados dehigienização
adequadosnosportadoresde lentesde contacto
59,60
.
Os pacientes com queratite por
Acanthamoeba
apresentam dor ocular, fotofobia e sensação
de corpo estranho. O quadro é muitas vezes sub-diagnosticado nas fases iniciais em que se
apresenta apenas como queratite epitelial ou uma lesão superficial dendrítica. Estas lesões
são frequentemente confundidas com lesões herpéticas e tratadas com antivírico. As lesões
estromais aparecem tipicamente na córnea central como um infiltrado acinzentado, não
supurativo. Àmedida que a doença progride, aparece o típico infiltrado peri-central em anel.
Nesta fase a dor ocular é o sintoma cardinal. O alargamento dos nervos do plexo estromal
corneano recebeonomedeperi-nevrite radial. Podemaparecer limbiteouescleriteassociadas.
Aescleriteassociadapode ser nodular oudifusa.
O diagnóstico da queratite por
Acanthamoeba
pode ser feito visualizando as amebas no
raspado, através de cultura. As técnicasmais recentes de PCR vieram ajudar ao diagnóstico da
queratite, aumentando sobretudoa sensibilidadediagnóstica. Odiagnóstico laboratorial émais
sensível nas fases iniciais da doença, doença epitelial, em que o parasita é acessível à colheita
por raspado.Nas fasesestromaisdadoença,podesernecessário realizar raspadomaisprofundo
oumesmobiópsia lamelardacórnea.Nos casosassociadosaportede lentedecontacto, a lente
de contactoeoestojodas lentes podem ser analisados. As amebas podem ser encontradas em
esfregaços corados comPASouGiemsa. Aculturadasamebaspode ser feitaemagar com
E. coli
ou Agar-sangue. Formam-se trajectos característicos nas placas, àmedida que semultiplicam
e aparecem trofozoítos (formasmóveis). Amicroscopia confocal permite detectar a infecção
in
vivo
, sendoparticularmenteútil na faseestromal dadoença. As formasquísticas,mais fáceisde
identificar, sãoparticularmenteuteisparadiagnosticar a infecção.
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Ofactorprognósticomaisrelevantenesta infecçãoéaprecocidadedodiagnósticoe instituição
de tratamento. Muitos destes casos são diagnosticados tardiamente e disso depende o
mau prognóstico associado à doença. Alguns destes casos são tratados inicialmente como
queratite herpética. A forma pseudo-dendritiforme é a formamais frequente da queratite
por
Acanthamoeba
na fase inicial da doença. Outro factor prognóstico desfavorável é
a utilização precoce de corticoterapia na fase inicial do tratamento.
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A utilização de
corticoterapia em fase precoce diminui a capacidade de defesa contra o parasita. A sua
utilização deve ser guardada para uma segunda fase em que está em curso já o tratamento
amebicida. Algumas pistas importantes nodiagnósticodiferencial comaqueratiteherpética
são a ausência de contiguidade das lesões (diferente da queratite herpética), a existência
de dor frequentemente exagerada relativamente aos sinais clínicos (contrariamente à