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dendrítica epitelial mas apresenta características especiais: a proximidade ao limbo e aos vasos
sanguíneos provoca uma reacção inflamatóriamaior no estroma corneano, como aparecimento
de um infiltrado estromal sub-epitelial, maior sintomatologia e tempo de curamais prolongado.
Ao tratamentohabitual énecessárioassociarcorticoterapia tópicaparaeliminara resposta imune.
Na queratite herpética epitelial encontramos quatro formas possíveis de evolução do quadro
clínico. Alguns casos evoluem para uma resolução completa sem alterações residuais. Noutras
ocasiões, surge uma epiteliopatia dendrítica, muitas vezes associada ao uso prolongado da
medicação. Uma potencial sequela são os leucomas estromais, de gravidade variável, desde
leves opacidades sub-epiteliais (descritas como “úlceras fantasma”) a opacidades densas com
adelgaçamento corneanoediminuiçãodaacuidadevisual. Aduraçãoda inflamaçãoeonúmero
de episódios estão relacionados com a gravidade da cicatriz; no entanto existe variabilidade
individualna resposta imune,oqueexplicaquesepossamencontrar leucomasdensosapósuma
primeira infecçãooualterações cicatriciaismínimasapósmúltiplas recidivas. Finalmente, alguns
casos afectamde formaevolutivaoestroma, numprocesso imuneou infeccioso.
QueratiteHerpéticaEstromal
Aqueratiteherpéticaestromal representa2%de todososepisódios iniciaisdeherpesocular
35,40
ecercade20a48%das formas recorrentes
35,38
.Oestromacorneanopodeserafectadode forma
primária ou secundária. O envolvimento secundário pode ocorrer como sequela da queratite
epitelial, da queratopatia neurotrófica ou da endotelite. Primariamente, existem duas formas
de envolvimento estromal com etiologia e fisiopatologia diferentes: a queratite estromal
necrotizante, devidoà invasãodirectadovíruseaqueratiteestromal imune, que resultadeuma
reacção imuneanível estromal.
QueratiteEstromal Imune (não-necrotizante)
É umamanifestação comum de recorrência crónica da infecção, ocorre em cerca de 20% dos
doentescomherpesocular
36,39
.Oachadomais comumde todasas formasdequeratiteestromal
é a inflamação estromal com integridade epitelial (excepto nos casos em que se associa a
queratiteepitelial), compadrão focal,multifocal oudifuso (mais frequente). A inflamaçãopode
evidenciar-se como um ponteado estromal ou como uma opacidade difusa, qualquer destas
formas pode causar opacidade permanente. Outro achado clínico importante é a presença de
neovascularizaçãoestromal, cujapresença varia consoanteagravidadeda inflamação. Os vasos
anómalos tendema regredir, podendodar lugar a “vasos fantasma”. A consequênciamais grave
da neovascularização permanente é a queratopatia lipídica, associada a opacidade severa e
diminuição grave da acuidade visual. A queratite estromal imune pode observar-se desde os
primeiros dias ou apenas anos após o primeiro episódio de queratite epitelial. Também pode
aparecer semhistóriapréviadeúlceradendrítica.O curso clínicoé crónico, com recorrênciasde
inflamação severa em diferentes padrões, em alguns casos encontramos inflamação constante
com flutuações de gravidade e, em outros casos, períodos de ausência total de inflamação
alternados com surtos inflamatórios. Para suprimir a reacção inflamatória é necessário um
tratamento prolongado com corticóides tópicos (há doentes muito sensíveis a pequenas
diminuições do tratamento). Em casos sem tratamento ou com tratamento insuficiente, a
evolução pode levar a sequelas como o adelgaçamento, o leucoma, a neovascularização, os
depósitos lipídicos eaafectaçãogravedavisão.
Endotelite
Denomina-se por endotelite (também chamada queratite estromal disciforme ou queratite