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geralmente com cerca de 1-3 mm de diâmetro e commaior frequência a nível da pálpebra
inferior. A variante múltipla do siringoma é mais comum e muitas vezes bilateral e simétrica,
sendomais frequente em doentes com síndroma de Down, síndroma deMarfan ou síndroma
de Ehlers-Danlos
9
. A nível histológico é formado por cordões e ninhos de células sólidas com
ductos, localizados dentro de um estroma fibroso denso. Os ductos são delimitados por uma
dupla camadade células epiteliais comprimidas, quepor vezes assumeuma formadevírgula.O
tratamentodesta lesãoégeralmenteaobservação,masuma lesãosolitáriagrandepoderequerer
excisão cirúrgica para excluir malignidade. Apesar do siringoma solitário ser histologicamente
benigno, pode recorrer após aexcisão incompletaeexibir um comportamentoagressivo
9
.
Adenoma sebáceo.
O adenoma sebáceo da conjuntiva é uma lesão benigna, pouco frequente,
com origem em glândulas sebáceas. As glândulas sebáceas estão mais frequentemente
associadasa folículospilososouconcentradasno tarso (glândulasdeMeibómio) eem redordos
cílios (glândulasdeZeiss). É raroencontrar glândulas sebáceasna conjuntiva.Umaexcepçãoéa
carúnculaque tambéméconstituídaporelementoscutâneos, tendopor issoglândulassebáceas
e podendo dar origem a estes tumores. Há uma associação bem conhecida entre tumores
sebáceos e neoplasias viscerais, denominada síndroma deMuir-Torre. Trata-se de uma doença
autossómica dominante, descrita porMuir et al. em 1967 e por Torre em 1968. Esta síndroma
é caracterizada pela presença de tumores sebáceos em associação com neoplasias viscerais a
nível gastrointestinal (47%), genito-urinário (21%) ounamama (12%)
46
. Apesar deesta ser uma
síndroma rara, é importante teremcontaestaentidadeemdoentesaquemédiagnosticadoum
tumor solitário oumúltiplo, porque as lesões sebáceas podem ser o primeiro sinal de doença
em41%dosdoentes
46
. Peranteumadenoma sebáceoqueenvolvea conjuntiva, apesar seruma
lesãobenigna, justifica-seaprocuradeneoplasias sistémicasafimde identificarosdoentescom
a síndromadeMuir-Torre.
Malignos
Carcinoma de Células Sebáceas.
Embora muito raro, é o tumor maligno mais frequente da
carúncula. Tal comoo adenoma sebáceo, temorigem em glândulas sebáceas epode surgir nas
glândulas deMeibómiodo tarso, nas glândulas de Zeiss enas glândulas sebáceas da carúncula.
O carcinoma sebáceo confinado à conjuntiva bulbar, sem envolvimento de outros tecidos
perioculares, émuito raro e estão descritos poucos casos na literatura. Por isso, émuito difícil
de diagnosticar precocemente, e alguns casos são incorrectamente diagnosticados como um
chalázio de longa evolução, uma blefarite crónica, uma conjuntivite, uma bleferoconjuntivite,
uma queratoconjuntivite límbica superior e outras patologias oculares inflamatórias
47
. Uma
biópsia émandatória nos casos suspeitos ounos casos emque estas lesões não respondem ao
tratamentomédico adequado. É um tumor agressivo, que se pode estender localmente para
toda a superfície ocular e invadir a órbita, e podemetastizar para gânglios linfáticos regionais
ou à distância. A nível ocular, pode disseminar-se dentro do epitélio, substituindo a epiderme
palpebral ou a superfície epitelial da córnea ou da conjuntiva
47
. É a chamada disseminação
“pagetóide” que simula outras patologias e que apresenta um pior prognóstico. A conjuntiva
também é, frequentemente, invadida por esta disseminação superficial do carcinoma sebáceo,
comorigemnaspálpebras.Ocarcinomasebáceoéumtumordifícildediagnosticareodiagnóstico
requer uma biópsia da lesão ebiópsias da conjuntiva epálpebra para observar a sua extensão.
Histologicamente este tumor apresenta-se como uma massa infiltrativa e não capsulada. As
células tumorais têm glóbulos de lípidos dentro do citoplasma que é vacuolizado e espumoso.
O tratamento é controverso e depende da extensão do tumor. Em geral, a primeira etapa é
estabelecer odiagnósticoedeterminar aextensãoda lesão como recursoabiópsias. Sea lesão